Candidata à Presidência da
República pelo PT, Dilma Rousseff, que busca a reeleição, concedeu uma
entrevista tensa ao Jornal Nacional, na Rede Globo, na noite desta
segunda-feira (18).
A presidente se esquivou de questões polêmicas relacionadas
à corrupção no seu governo, marcado por escândalos em diversos ministérios
comandados por aliados e por duas CPIs relacionadas à administração da
Petrobras. "Não nos descuidamos da ética", afirmou Dilma antes de
elencar diversas ações do seu governo de combate à corrupção, como a criação da
Corregedoria Geral da União (CGU), da Lei de Acesso à Informação e do Portal da
Transparência, além de liberdade para ações da Polícia Federal e do Supremo
Tribunal Federal (STF). "Nem todas as denúncias resultaram em condenações.
Muitos dos que foram identificados foram inocentados e algumas pessoas se
afastaram por ser difícil resistir à pressão", alegou a petista ao
defender os membros da sua cúpula envolvidos em sucessivos "mal
feitos", como ela costumou batizar os deslizes de aliados.
Dilma se
recusou a responder ao questionamento sobre a permissividade do PT em relação
aos membros do partido condenados no julgamento do mensalão e chegou a ter um
leve desentendimento com seus entrevistadores. "Sou Presidente da República.
Não julgo ações do Supremo, enquanto eu for presidente não externo opinião
sobre isso. Não vou tomar posição que me coloque em conflito, isso não é uma
questão subjetiva", declarou.
Dilma também evitou confronto ao falar sobre
a troca de ministérios, citando o caso do baiano César Borges, que era ministro
dos Transportes e hoje é o titular da Secretaria dos Portos. "Os partidos
podem fazer exigências, mas só aceito quando considero que ambos os envolvidos
são íntegros, competentes e tem tradição na área. Se troquei é porque confio
neles", defendeu-se.
A presidente admitiu que a saúde é deficitária no
país, mesmo após 12 anos contínuos do PT no poder. "O Brasil precisa de
uma reforma federativa para dividir as responsabilidades federais, estaduais e
municipais", afirmou, depois de esclarecer que há apenas um número mínimo
de médicos para trabalhar no atendimento básico e que após o Programa Mais
Médicos, 50 milhões de brasileiros foram contemplados.
Quanto à economia, a
postulante defendeu que seu governo foi o primeiro que enfrentou uma crise sem
"arrochar o salário" dos contribuintes e que os índices antecedentes
apontam uma melhoria no segundo semestre, além de queda na inflação. Dilma
encerrou dizendo que foi eleita para dar continuidade aos avanços do governo
Lula, e que "ao preparar o Brasil, criamos as condições para colocá-lo no
centro de tudo". "Queremos continuar a ser um país de classe
média", concluiu. Bahia Notícias